A redenção e responsabilidade do sangue na Bíblia

18/04/2017 11:04
                                 
 
Terminado o período pascal, que nos remete ao sacrifício vicário de Cristo e redenção da humanidade pelo seu sangue, achamos pertinente falar sobre o significado do sangue na Bíblia.
Muitos críticos acusam a Bíblia de ser um livro demasiado sangrento referindo-se aos sacrifícios de animais no Velho Testamento e mesmo ao porquê da necessidade de Jesus derramar o seu próprio sangue. Ora a resposta a tais acusações é muito profunda e reflete a importância, responsabilidade e seriedade do que se passa neste mundo, nomeadamente na guerra espiritual.
E no fundo tudo assenta na pergunta: 
"Por que Deus desde o começo exigiu um sacrifício de sangue pelo pecado?"
A fé cristã repousa direta e irreversivelmente no fato de que o sangue deve ser derramado para que a ira de Deus contra os seres humanos pecaminosos seja apaziguada. Os crentes sabem que isso é verdade. No entanto, a questão não foi "É um sacrifício de sangue requerido para o pecado?" Sabemos que a Bíblia afirma que a resposta é inequivocamente sim. A questão foi: “Porquê sangue?”
Antes que o universo existisse, "Por que Deus planeava ter sangue como solução para a condição lamentável e condenada da humanidade?" Não poderia Deus ter arranjado algum outro tipo de solução?
A resposta deve ser não; A única solução era um sacrifício de sangue. Vamos aqui analisar porquê.
 
 
A Morte
Antes de mais devemos ter noção do que é a morte. A morte não é apenas o fim da vida física. Segundo a Bíblia e no campo espiritual a morte é um corte de relação com a fonte da vida, que é o Deus Criador.
Assim a rebeldia, o pecado e logo o corte deliberado de uma relação pessoal com Deus causa a morte espiritual da criatura.
 
 
Adão, Eva e o pecado da humanidade
Quando Adão e Eva (representantes primordiais da humanidade) pecaram, duvidando e desrespeitando Deus e preferindo acreditar em Satanás, o inevitável julgamento foi que sua vida lhes seria tirada, ou seja que o seu relacionamento com Deus (fonte da vida) seria cortado.
Satanás é o deus do pecado e da morte e uma vez que eles pecaram duvidando da palavra de Deus preferindo acreditar no diabo, morreram instantaneamente. Sim, levaria anos até que fisicamente morressem, mas espiritualmente eles foram instantaneamente isolados de um relacionamento correto e pessoal com Deus. Eles morreram espiritualmente no momento em que pecaram. Este é um importante facto para meditar: O pecado tomou nossa vida! O homem passou a ser escravo do pecado e o salário do pecado, a Bíblia o diz, é a morte (Romanos 6:23)!
Claro que há pecados e pecados, mas o pecado comum a todo o homem foi preferir esse mesmo pecado (seja ele qual for) a um relacionamento sério com o Criador confiando na sua Palavra. Essa escolha é já por si mesmo um pecado deliberado e consciente e a sua consequência e juizo é o afastamento deliberado do homem a Deus, que é a fonte da vida. 
 
 
O remédio para a Morte
Então, qual é o remédio? Como uma pessoa merecedora de morte pode voltar a ter vida? 
A única solução possível é que alguém, representante do homem, precisaria dar a sua vida no lugar do pecador culpado. Alguém precisaria pagar o julgamento da morte em nome do pecador condenado pois este já não é sequer detentor da sua própria vida, ela lhe foi tirada pelo pecado e é propriedade do deus do pecado - satanás!
Mas então quem se qualificaria? 
Um pecador não pode pagar com a sua vida pelo pecado de outro pecador; cada um deve receber a pena de morte por seu próprio pecado. A única pessoa que se qualificaria para dar sua vida em favor dos pecadores era alguém que conseguisse por sua confiança, fé em Deus,vida perfeita e imaculada vencer a própria morte e o pecado, esse era o Filho de Deus - JESUS!
 
 

O Sangue

Isso agora nos leva à nossa pergunta; "Porquê sangue?" Jesus não poderia ter morrido de outra forma que não exigisse o derramamento de seu sangue?
O sangue é o mais misterioso dos tecidos humanos. Todos os tecidos do corpo humano têm algo em comum: eles estão fixos. A única exceção é o Tecido Sanguineo. O sangue não é limitado a uma parte do corpo, em 23 segundos percorre o corpo inteiro. Se o sangue não chegar em uma célula , ela certamente morrerá. Pois a vida está no sangue. Cada pessoa tem o seu próprio sangue e nem mesmo o da mãe e o do feto têm contacto durante a gestação.
O sangue não é apenas o símbolo da vida, é a vida; É o que mantém uma pessoa viva. O sangue suja. O sangue é respeitado e temido. O sangue não é algo que as pessoas tomem de ânimo leve. 
Deus queria que compreendessemos a severidade e negrura de nosso pecado e o custo que seria necessário para nos resgatar de nosso estado pecaminoso e da morte. Ele queria que soubéssemos que a natureza do pecado é tão depravada que a única maneira de nos trazer de volta a um lugar de vida era que Cristo derramasse o seu próprio sangue para que nunca perdêssemos a visão da maravilha da cruz.
 
 
Mas então porquê o sacrifício de animais no Velho Testamento?
 
Mas se seria o sangue de Jesus a “cobrir” os pecados, porque no Velho Testamento se faziam sacrifícios de animais para perdão de pecados?
Se nos lembrar-mos novamente de Adão e Eva vemos que após a sua queda estes viram que se encontravam nus se tapando com folhas de figueira, uma vestimenta desadequada. Logo aí Deus demonstrou que o sangue de um animal teria que ser derramado para que se pudessem “cobrir” condignamente com sua pele para se apresentarem perante o Criador. Dessa forma Deus mostrava que seria a morte de um substituto inocente que “cobriria” o pecado do homem.
 
E até à vinda do cordeiro de Deus definitivo - Jesus - que remiria toda a humanidade, seria necessário arranjar uma forma substituta para que os pecados fossem perdoados. Então os sacrifícios animais no V. T. serviam para:
 
1. Perdão provisório
O sangue dos animais não podia por si perdoar os pecados pois os animais não tinham consciência do que faziam, nem representavam o homem, mas subjetivamente os pecados ficavam como "perdoados". Uma promessa de perdão de Deus, que não pode mentir, é tão boa como o próprio perdão.

2. Perceção do horror do pecado
 
O sacrifício sanguinário do animal permitiria também ao homem ter uma correta perceção do horror do pecado.
 
3. Perceção da necessidade de um maior sacrifício.
Finalmente, um dos mais poderosos paradoxos do Velho Testamento, mostrando a multiforme sabedoria de Deus, é o fato que os sacrifícios de animais podiam dar aos israelitas uma segurança do perdão de Deus e, ao mesmo tempo, poderia ensinar-lhes a necessidade de um sacrifício ainda maior.
 
 
O custo foi imenso
E muitos face a tudo isto dizem: “que horror, que Deus tão sanguinário, seria isso mesmo necessário?” 
Mas a verdade é que coisas ainda mais horrendas tais como a mentira, dor, traição, roubo, assassinato, guerra, pedofilia e outras que nem é bom falar, ou seja brutalidade e horror verdadeiro (a que Deus é alheio) é o que se vive neste mundo desde a sua criação, tudo devido ao pecado do homem.
 
Para ninguém no Universo o sacrifício do seu próprio Filho Amado e até mesmo o de animais foi mais abominável do que para Deus, mas infelizmente esta foi a única solução para que o homem entenda o buraco em que está metido e quais as consequências da sua rebelião e do seu pecado. Rebelião da qual é responsável por um mau uso do livre arbítrio que lhe foi concedido. A responsabilidade do homem neste mundo por todo o sofrimento e dor existente no mesmo deve ser entendida por meio do sacrifício de sangue.
Tudo isto é muito sério e entender não será para qualquer um mas o custo da salvação levada a cabo por Jesus foi imenso e o sangue é então a maneira perfeita de exibir esse custo supremo e o valor infinito de nossa salvação!

Glória ao Salvador!

Quem puder receber isto, receba”
Mateus 19:12

 

Fontes:

Blood and the mind of God (Leviticus 19:13)
https://www.citylightchurchwb.org/blog/post/blood-and-the-mind-of-god--leviticus-17:11-
Os benefícios dos sacrifícios do Velho Testamento 
https://www.estudosdabiblia.net/1999421.htm