Quereis vós também retirar-vos?

24/05/2019 12:09

                          

 

Muitos, pois, dos seus discípulos, ouvindo isto, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir?
Sabendo, pois, Jesus em si mesmo que os seus discípulos murmuravam disto, disse-lhes: Isto escandaliza-vos?
Que seria, pois, se vísseis subir o Filho do homem para onde primeiro estava?
O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos digo são espírito e vida.
Mas há alguns de vós que não crêem. Porque bem sabia Jesus, desde o princípio, quem eram os que não criam, e quem era o que o havia de entregar.
E dizia: Por isso eu vos disse que ninguém pode vir a mim, se por meu Pai não lhe for concedido.
Desde então muitos dos seus discípulos tornaram para trás, e já não andavam com ele.
Então disse Jesus aos doze: Quereis vós também retirar-vos?


João 6:60-67
 
 
A popularidade de Jesus havia chegado ao auge. O povo seguia Jesus para ouvir seus ensinamentos, mas sua motivação maior foi o desejo de receber o benefício dos seus milagres. Ele curava doentes e alimentava milhares de ouvintes, Jesus se tornou tão popular que seus seguidores concluíram: “Este é, verdadeiramente, o profeta que devia vir ao mundo” (João 6:14) e, com este pensamento, tiveram intenção de fazer de Jesus seu rei (João 6:14-15).
De uma perspectiva política, seria fácil interpretar esta aceitação pelo povo como uma excelente oportunidade. Jesus veio para cumprir profecias do Antigo Testamento de reinar sobre o povo, e agora a multidão mostrou seu desejo de coroá-lo. Vendo as coisas de um ponto de vista meramente humano esta seria uma boa oportunidade, mas Jesus não buscava um reino firmado apenas na popularidade e nunca procurou atalhos para cumprir a sua missão.
Em João 6, aprendemos lições importantes da resposta de Jesus à multidão. Além de não permitir que o povo o tomasse para fazê-lo rei, Jesus respondeu com uma pregação desafiadora. O Senhor em vez de agradecer os aplausos decidiu confrontar os muitos que o seguiam sobre quais seriam as suas verdadeiras intenções e muitos deles não suportaram esse confronto e murmurando abandonaram o Senhor. 
Talvez O estivessem seguindo na ilusão de uma vida fácil sem problemas, talvez buscando um caminho para ficar livre do sofrimento. Talvez buscassem riqueza, ou poder, ou estatuto por estarem juntos de alguém que realizava milagres e maravilhas. Mas Nosso Senhor nunca usou meias palavras ou contou apenas uma parte da história. Ele sempre falou toda a verdade claramente; Suas palavras eram e são, “espírito e vida” (v. 63)
Jesus sabia que existiam descrentes no grupo, pessoas que queriam as bênçãos sem assumir o preço do evangelho, esses com certeza o abandonariam às primeiras dificuldades. A mensagem de João 6 provocou então uma reação muito forte que, por todas as medidas humanas, seria considerada impopular, levando ao abandono de muitos...
 
É duro!
 
Para muitos dos seguidores a noção de um rei capaz de curar os doentes e alimentar as multidões foi muito atraente, mas aceitar um “Senhor” que exigiria uma transformação total de vida e caráter era outra coisa.
Realmente para o homem natural duro é o discurso de Jesus e o Seu Evangelho também. Duro é renunciar-se, negar a si mesmo, oferecer a outra face, viver em santidade. É duro enfrentar os opositores do evangelho, os hipócritas e zombadores que usam de hipocrisia e maldicência para nos atingir. É difícil amar os inimigos e orar por eles, perdoar 70x7, fazer um culto racional e agradável a Deus. Tudo que envolve o verdadeiro o Evangelho não é fácil, somos desprezados, rotulados de loucos, fanáticos, preconceituosos e marginalizados por um mundo cego que optou pelo egoísmo e pela rebeldia contra o seu Criador, só para alimentar os seus vícios e pecados que nada trazem além de engano e morte. Mas é nessas horas que vamos ser verdadeiros discípulos de Cristo e permanecer, ou apenas acompanhantes de Jesus e suas filosofias e retroceder.
Devemos também saber que nessa ocasião as palavras de Jesus foram duras porque mais duras ainda são as consequências da hipocrisia e do pecado ((que são a morte, a dor e a destruição) e era nessa altura fundamental testar os discípulos, separando o trigo do joio. Como diz a escritura: "quem fere por amor mostra lealdade, mas o inimigo multiplica beijos" (Provérbios 27:6). Jesus não procurava popularidade e sim seguidores fieis e comprometidos com Ele!
 
Os verdadeiros discípulos
 
Ao ver que muitos já não andavam com Ele, Jesus questionou se os seus discípulos mais próximos também queriam ir embora. Que momento delicado! A pergunta do Senhor trazia a necessidade de tomar uma decisão, de se posicionar frente às verdades do reino. Pedro respondeu com uma pergunta, como se estivesse pensando alto: “...para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna” (v.68). Aos olhos de Pedro não havia outra opção, outro caminho; ele entendeu que só Jesus é capaz de salvar. Que avaliação preciosa e fundamental para cada um de nós! Apesar do discurso desafiador, da ética elevada e do sofrimento, a vida eterna é real e está em Jesus, só Nele! 
Não há como escapar do sofrimento, mas há como escolher com Quem e por Quem sofrer. Pedro finalizou Sua brilhante resposta dizendo: “Nós temos crido e conhecido que tu és o Santo de Deus” (v.69). Esta é a fé que acompanha a vida do verdadeiro cristão! Que você afirme alegremente, uma e outra vez: eu tenho crido e conhecido que Tu és O Santo de Deus!
 
Que seria, pois, se vísseis subir o Filho do homem para onde primeiro estava? (João 6:62)
Esta questão de Jesus leva a pensar que se as pessoas se ofendem e escandalizam devido ao seu ensino, neste caso especificamente quando ele afirma que é o alimento espiritual que desceu dos céus para alimentar e salvar a humanidade, sendo ele realmente o presente de um Deus Criador, Justo e Bom para o homem pecador, o que seria então se realmente eles fossem confrontados com essa realidade? O que pensarão os incrédulos mergulhados em sua auto-justiça quando perceberem que Jesus e sua palavra são realmente a verdade?
 
Conclusão
Ao longo da estrada de nossa vida, nos deparamos com muitas encruzilhadas, em que devemos fazer uma ESCOLHA: Devemos tomar uma estrada e deixar a outra.
Diante desse desafio, aparece o belo testemunho de Pedro: A quem iremos, Senhor? Só tu tens palavras de vida eterna.” A atitude forte de Pedro dissipa as dúvidas dos demais apóstolos, e todos permanecem fiéis junto ao seu Mestre. E também nós hoje somos confrontados com essa escolha. Devemos escolher agradar o mundo ou agradar a Deus, pois não é possível agradar a ambos! Vai ser difícil, sim vai, mas a salvação deste mundo corrupto, injusto e vil é o prémio, e para que se saiba: Jesus é o ÚNICO caminho!
No Evangelho, Jesus não parece estar tão preocupado com o número de discípulos que continuarão a segui-lo. Prefere perder os discípulos a renunciar à Missão que recebeu do Pai que é firmada na verdade. Multidões se mostram capazes de seguir enganadores e, frequentemente, seguem homens errados por motivos errados. Jesus não viu crescimento numérico como o objetivo principal, pois procura qualidade e não quantidade não permitindo que sua popularidade fosse interpretada como prova de sucesso ou fidelidade. Sendo assim também nós em nossa missão devemos ter tudo isto em vista. O Reino de Deus não é um concurso de popularidade… Muitas pessoas pensam que, “suavizando” as exigências do Evangelho, seriam mais facilmente aceitas pelos homens do nosso tempo, mas tal comportamento é incompatível com o que Deus espera. 
Tendo tudo isto em mente resta perguntar:
O que será quando virem o Filho do Homem descer de onde agora está?
 
 
 

Fontes:

 
“Senhor, a quem iremos?”
www.correiodopantanal.com.br/destaques/senhor-a-quem-iremos/
Um Discurso Duro
www.estudosdabiblia.net/jbd060.htm
1 Pedro 2:9
www.facebook.com/nossomosescolhidos/posts/797035787117622